As Cinco Fases do Luto na Clínica de Reabilitação

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O conceito das Cinco Fases do Luto surgiu através dos estudos do renomado psiquiatra e psicoterapeuta suíço Elisabeth Kübler-Ross. Ao longo da década de 1960, Kübler-Ross realizou extensas pesquisas e trabalhou diretamente com pacientes em estágio terminal, buscando compreender suas reações emocionais e psicológicas diante da morte iminente.

Essa pesquisa pioneira resultou no livro “On Death and Dying” (Sobre a Morte e o Morrer), publicado em 1969, onde ela apresentou suas observações sobre as reações dos pacientes à morte e propôs um modelo que descrevia cinco fases comuns experimentadas por aqueles que enfrentam o processo de morte e luto.

As Cinco Fases do Luto – negação, raiva, negociação, depressão e aceitação – se tornaram amplamente conhecidas e aplicadas na compreensão dos processos de luto não apenas em relação à morte, mas também em outros contextos de perdas significativas, como o término de relacionamentos, a perda de emprego e, como veremos neste texto, o luto da perda da substância no tratamento de dependentes químicos.

A contribuição de Kübler-Ross para a psicologia do luto trouxe um novo olhar sobre como os indivíduos lidam com a perda e o sofrimento, destacando a importância de reconhecer e respeitar a singularidade de cada jornada de recuperação. Ao longo dos anos, essas fases foram aplicadas a diversas áreas da psicologia, inclusive no tratamento de dependência química, permitindo uma melhor compreensão dos desafios emocionais enfrentados pelos adictos em seu caminho rumo à recuperação.

Neste texto, exploraremos como as Cinco Fases do Luto se manifestam na jornada de um adicto em recuperação, à medida que ele lida com a perda da substância que o aprisionou e busca reconstruir sua vida com base na aceitação e adaptação a uma nova realidade livre da dependência química.

As Cinco Fases do Luto na Jornada de um Adicto em Recuperação

Fase 1: Negação e Isolamento

Nesta primeira fase, o adicto em recuperação pode se sentir sobrecarregado pela perda da substância que se tornou parte integrante de sua vida. Ele pode negar a gravidade do vício e tentar se isolar do mundo externo, afastando-se de amigos e familiares que o apoiam na recuperação. A negação pode levá-lo a acreditar que ele ainda pode controlar o uso da substância ou que não precisa de ajuda profissional.

Fase 2: Raiva e Revolta

Conforme a realidade do vício se torna mais evidente, o adicto pode experimentar intensas emoções de raiva e revolta. Ele pode se sentir injustiçado, culpando os outros ou circunstâncias externas pela sua dependência química. A raiva pode ser direcionada tanto a si mesmo quanto aos que o cercam, incluindo familiares, amigos e profissionais de saúde. Essa fase pode ser especialmente difícil para os que o apoiam, já que o adicto pode rejeitar a ajuda oferecida.

Fase 3: Negociação e Barganha

Conforme o adicto começa a aceitar sua dependência e as consequências negativas que ela trouxe à sua vida, ele pode tentar fazer negociações consigo mesmo ou com uma força superior para evitar a abstinência ou restringir seu compromisso com a recuperação. Ele pode prometer que vai reduzir o consumo de forma controlada ou tentar justificar que pode usar a substância ocasionalmente sem prejudicar sua recuperação.

Fase 4: Depressão e Desespero

À medida que a realidade do vício se impõe, o adicto pode entrar em uma fase de profunda tristeza e desespero. Ele pode sentir-se sobrecarregado pela perda da substância que era sua fonte de alívio, e a ideia de enfrentar a vida sem ela pode parecer insuportável. A depressão pode ser intensa nesta fase, levando o adicto a questionar seu próprio valor e acreditar que a recuperação é impossível.

Fase 5: Aceitação e Adaptação

Com o tempo, o adicto em recuperação pode chegar à fase de aceitação e adaptação. Ele começa a reconhecer que a substância não é mais uma opção viável e que a recuperação é a melhor escolha para sua saúde e bem-estar. Nesta fase, ele busca ativamente apoio de profissionais de saúde, participa de terapias e grupos de apoio e começa a implementar estratégias para enfrentar os desafios da recuperação. Embora possa enfrentar recaídas e dificuldades ao longo do caminho, o adicto demonstra uma maior capacidade de lidar com os altos e baixos da jornada de recuperação.

Lembrando que cada indivíduo é único, a experiência do luto pela perda da substância pode variar, e nem todos passarão por todas as fases de forma linear. O processo de recuperação é complexo e requer suporte, paciência e compreensão tanto do adicto quanto daqueles que o acompanham nessa jornada.

Referencias Bibliográficas

  • 1 – Kübler-Ross, E. (1969). On Death and Dying. Scribner.
  • 2 – Kübler-Ross, E. (2005). On Grief and Grieving: Finding the Meaning of Grief Through the Five Stages of Loss. Scribner.

Referências para o Tratamento de Dependência Química e Luto:

Entenda um
Plano de Prevenção à Recaída
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O Papel da Família

no Tratamento de Recuperação de Dependência Química
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Quais as chances de recuperação

após uma internação ?
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